terça-feira, 3 de novembro de 2020

aqui do outro lado #03: aprendendo a pensar como yoda

a aprendizagem de uma nova língua perpassa por um processo. um palavra ou outra, que com o tempo vão formando frases simples, as frases vão se ligando, o risco de juntar e misturar palavras vai ficando mais fácil…

o livro está em cima da mesa é a frase que todos repetem incansavelmente quando está aprendendo em inglês. a concatenação de ideias bate com a nossa, o the livro book está is em cima on da the mesa table. aqui do outro lado a coisa complica um pouco porque, além do vocabulário (mesma dificuldade que com a do inglês), a ordem do raciocínio muda. o livro, da mesa em cima está. Yoda mandou lembranças. quando escrevo em português pode parecer mais simples, mas imagine você aprendendo a ler os caracteres japonês, os três tipos que eles utilizam, e você tenta ler essa frase sem espaço entre os mesmos. sim, o japonês não usa espaço, salvo se quiser estilizar alguma frase.

aí você segue os passos. primeiro você vai absorvendo a romanização dos caracteres: hon wa teeburu no ue ni arimasu. para, então, não se apoiar tanto no alfabeto já conhecido, pra ir para 本はテーブルの上にあります tudo junto sem espaço. E, numa frasezinha como essa, tem três alfabetos diferentes, kanji, katakana e hiragana.

com o tempo, a leitura está ficando cada vez mais fácil. às vezes levo tempo para captar a lógica da frase, porque o quebra cabeça da ordem das ideias ainda não está tão automática na minha cabeça. mas, como estou lendo, sozinho, posso ir no meu tempo. escutar é que é outra história. bem, escutar escuto, mas entender… quando alguém tá no final da frase, falando comigo, eu estou tentando entender o que foi falado no começo. tico e teco ainda vão ter que trabalhar mais.

enquanto isso...

da casa ao lado, sons que não consigo compreender. estão brigando? brincando? às vezes parecem rir, outras, gritar. sons de crianças se misturam ao de um adulto. estão encenando alguma fantasia infantil? ou uma das crianças está rindo da outra enquanto esta está sendo castigada? sem um melhor domínio da língua japonesa é raro algum vestígio de conversas durar muito em minha cabeça. quando muito, entendo palavras e divago preenchendo as lacunas. e enquanto não entendo, vou imaginando.

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