o som dos limpadores de parabrisas. a chuva ofuscando a minha vista. faz dias que chove. tráfego intenso. ao lado, reparo nuvens cinzas e um mar revolto. a água arenosa combina com sua fúria aparente. me dou conta da imensidão do mar sob o céu todo fechado. tudo parece estar alinhado. congruente. o tempo chuvoso, o sentimento das altas ondas, a força da correnteza, a cor da água.
olho e sei. parece me dizer exatamente como está em suas profundezas — não aguento tanta sujeira em mim, tenho uma reunião em 5min e eu aqui nesse trânsito,vocês jogam muitos sacos plásticos, porque ela terminou comigo?, há substâncias que não consigo dissolver, ah! que raiva!, absolver, queria que ele ficasse comigo, não que saísse com os amigos, animais mortos, porque ele tem que beber tanto? só queira um tempo pra brincar, tanta sujeira que priva a vida dos seres que vivem em mim…
a visão de tamanha fúria me faz refletir sobre os dias ensolarados. em águas cristalinas que refletem o azul do céu. na beleza que parece a tudo mostrar. um convite para se refrescar. um cenário calmo, sereno. até sua correnteza me pegar…