quarta-feira, 5 de julho de 2017

sangue e um sorriso no rosto

ainda não sei o que aconteceu, mas sinto uma sensação diferente. algo em mim não é mais o mesmo. depois do som, um sentimento diferente. um vulto e um rápido deslocamento do ar. um sibilo. depois do impacto, uma alegria descabida. escorre. vaza.

muito sangue e um sorriso no rosto.

e a sensação. ao escorrer entre meus dedos, minhas mãos em meu peito, o sorriso logo se escancara. sem controle. sentimentos sem sentidos, desmedidos, perguntas sem respostas, um sorriso no rosto, tua imagem em minha cabeça.

e uma flecha no coração.

terça-feira, 4 de julho de 2017

ao amor que acaba de decolar

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com muito cuidado,
se eu olhar,
atento a cada movimento
e ao farfalhar do vento,
será que te vejo passar?

segunda-feira, 3 de julho de 2017

olha essa vista...

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por falta de palavras bonitas
que represente esta imagem
e forme uma poesia
evoco um fragmento desse dia:
você ao meu lado
e, ah, olha essa vista…

sexta-feira, 30 de junho de 2017

como?

quando o tempo não cabe em si
e as palavras não cabem em mim
me permito esboçar os pensamentos da noite
elucubrações mal terminadas
por vezes mal começadas
mas se permites ouvir
e muitas vezes sorrir


como dizer
sem ser?
como agir
sem sentir?


um sentir desmedido
em nós cabido
faz em ti, morada


como dizer sem ser?
sonhas à procurar quem gostas
um sentimento de angústia
diante de um rosto esquecido


como agir sem sentir?
acordas e achas aquele gostas
um sorriso no rosto ao lembrar dos dias passados


- como?
nos perguntamos todos os dias
- achastes?
- achei!


quando o tempo não cabe em nós
em meio aos achados e perdidos de
rostos em meio à multidão
por que guardar o que se sente
se se pode achar um correspondente?

quinta-feira, 29 de junho de 2017

devagar, desabroche

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neste ano não há de ter vergonha nem medo
entregue seus anseios ao desejo
devagar, desabroche
não se acanhe
dance escreva desenhe jogue crie
se jogue se olhe se invente

temos tantas coisas a mostrar
e sempre há alguém
que queira olhar

terça-feira, 27 de junho de 2017

a g o r a

se o passado são lembranças
e o futuro possibilidades,
tenho apenas o agora


agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora


o agora que se vai a cada instante
o agora que se renova a cada instante
o agora


agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora
agora agora agora agora agora agora agora agora

segunda-feira, 26 de junho de 2017

dias inseguros

de tanto chamar
e tanto querer
faço-te presença


de tanto ansiar
e tanto iludir
faço-me ausência

sexta-feira, 23 de junho de 2017

pequeno assim

me sinto muito pequeno
e espero ser cada dia menor
que essa sensação perdure
grande do jeito que está


pequeno assim
simples gestos me preenchem

teu sorriso teu olhar teu enroscar
me engrandecem


pequeno assim
quero permanecer
para com tudo preencher
e nada me caber


pequeno assim
não consigo me conter
e a poesia, deixo acontecer

quarta-feira, 21 de junho de 2017

olhar sorridente

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me dissestes que
por trás de toda fotografia
há um fotógrafo por inteiro
todo seu eu
através de seus olhos


aquele único fragmento parado no tempo
carrega tempos inteiros


que histórias ainda podem desabrochar
— destes olhos
a partir de um sentimento
que acabou de florescer?


 




fotografia por Thyeri Bione @thyrbm

terça-feira, 20 de junho de 2017

...

………………
— ………….
— ………………………..
…………………


……………………….
………………
…………………


………………
………………
…………………


numa noite iluminada
à brisa fria do mar
sussurramos nossas vidas
fomos poesia

segunda-feira, 19 de junho de 2017

para onde ir, senão à fundo?

num quarto mal iluminado,
nos deitamos confortavelmente
sem intuito
deixamos a conversa fluir
sem nos importar
apenas ir


somos amigos
então, pra onde ir?
— mais à fundo


o receio da exposição
era acolhido pela pouca iluminação
pelo mostrar-se do outro íamos sendo
dizendo


parecíamos jogar
conversa fora
brincar com a luz e a escuridão
profanos

um ver-se e negar-se no falar
— de todos


e nessa miscelânea de dizeres
de conceitos, angústias e prazeres
onde cada um é si mesmo
e todos,
sou eu

domingo, 18 de junho de 2017

a visita

lembro do primeiro dia que chegastes lá em casa, só ouvi o grito:
— a visita chegou!
na hora não me dei conta que este era o horário que tínhamos combinado
“a visita”
é estranho pensar em você assim
como mais um que aparece durante o dia,
conversa um pouco, e vai embora


desde o começo,
nossa primeira troca de palavras,
elas nunca foram embora
eu estava lendo,

completamente imerso no livro,
quando você me assustou dizendo como tinha gostado dessa leitura.
conversamos por horas nesse dia
e nos seguintes


“a visita” virou rotina
ganhou nome,
sobrenome
até apelido

sexta-feira, 16 de junho de 2017

nosso muito pouco

parece certo quando penso
parece bobo quando falo
mas é isso que sinto:
— és muito pro meu muito
o engraçado é
numa igual medida
nos achamos pouco para o outro
e com muito pouco
nos tornamos muito
somos muito
nos bastamos por inteiro
somos inteiros
somos

quinta-feira, 15 de junho de 2017

achados e perdidos

em um mundo de rápidas conexões
de desencontros fugazes
e encontros desapercebidos
uma amizade,
quando achada,
não é roubada,
é cuidada