sábado, 22 de agosto de 2015

segunda-feira, 17 de agosto de 2015


Não sei como a vida era
Hoje, ela é um jogo de luz e sombra
Contraste e saturação
A vida revela-se em seu enquadramento perfeito
O que naquele momento era considerado perfeito
O que não foi, torna-se apenas um negativo, guardado na memória
São olhares e paisagens que carregam histórias, que se confundem com a história por trás da lente
Hoje, ela posa pra mim

sábado, 15 de agosto de 2015

expectativa

Você estraga um livro
uma amizade
um amor
uma viagem
uma comida que estou para provar
um novo sabor de sorvete
O novo
Aquilo que virá
O que já veio, me faz esperar que seja igual ou melhor
você acaba estragando
Preciso focar no aqui e agora
naquilo que condiz mais com a realidade
Será que vão gostar desse texto?
Lá vem eu de novo…

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

entrelinhas

entre linhas você me fala o que eu queria ouvir
nas entrelinhas eu não entendo o que você quis me dizer
entre o dito e o não dito
você se expressa
me apego ao dito
deixo o não dito escapar
se o não dito fosse dito
se entre os dizeres disséssemos algo
se…
se…
se…

terça-feira, 11 de agosto de 2015

onde estais?

 


Onde estais, senão aqui
Em mim
Sempre comigo

Quem és tu, senão eu
Ou a idéia que  faço
De tu

Já te enxerguei algum dia?
Digo, realmente te ver
Tu
Tu mesmo
Como tu queres ser visto
Tu
Sem a lente dos meus olhos
Sem os arranhões da vida

Como sabes quem és sem os olhos dos outros?
Sem os arranhões que, as vezes, tu mesmo criou.

Ao mesmo tempo que me reconheço no teu olhar
Diferencio aquilo que é de mim
E o que é de tu

Olhares que atravessam
Se constituem
Se diferenciam

Onde estais, senão em ti mesmo
Refletido pela luz dos meus olhos

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

beijo-saudade


em meio a multidão

empurra, empurra
calor, suor, corpos
mais corpos
de todos os tamanhos, formas
gostos

com uma troca de olhares vem o beijo
boca, língua, saliva
mais uma rápida troca de olhares e pronto
aquela boca, aquele corpo
foi embora
mais um número para a lista

comprovar a existência do beijo-número foi estranho
aquilo não fazia sentido pra mim
sou do beijo-saudade
beijo que não é apenas
boca, língua, saliva e corpo
são histórias e desejos
ao lado e de mãos dadas
abraços e risadas…

saudades dos teus beijos
que logo mais matarei

flutua


o medo de cair sempre está lá
mas olha que bonito
essa cor
as formas
me perco nelas
apreciando-as
entendendo-as
posso chegar a cair
mas não consigo deixar de olhar
pra cima
e acompanhar meus pensamentos

domingo, 9 de agosto de 2015

corpor condenado

 Ao acordar lembro da noite passada

Como sempre, conversamos até cair no sono
mas diferente de outras noites, estávamos juntos
na mesma cama

Gosto de sentir o peso da sua cabeça no meu peito
o jeito que você se inclina para me olhar no olhos
Nessa mesma posição, dormimos

Assim que esses pensamentos se afastam
sinto que não foram só eles
Não sinto seu peso
seu calor
seu cheiro

Olho para o lado e você está lá
sem roupa
mas todo encolhido
quase como o feto

A sensação que tenho é que você se fechou para o mundo
um corpo fechado
imerso em seus próprios sonhos

Penso, novamente na noite passada
será que, no entorpecer do quase sono
falei algo que não devia?
Algo que fez você se fechar assim
pra mim, pro mundo

Sou tomado pela angústia
você, corpo fechado
eu, corpo condenado
jogado no meu lado da cama

Sinto um movimento
e todos os meus pensamentos ruins começam a se fragmentas
Ao ver seus olhos se abrindo
seu sorriso se abrindo
lembro de sua voz, e da sua fala recorrente:
você pensa demais…
E os fragmentos desaparecem

Do sorriso, vem a aproximação
você me abraça
me beija
e, de novo
a confusão dos corpos.

sábado, 8 de agosto de 2015

d i s t â n c i a

 me sinto a vontade
tão a vontade que estou aí ao lado
tão junto que posso te tocar
apesar de estar longe

a vontade não conhece distância

me sinto tão a vontade
que a vontade só aumenta
encurtando a distância
que quase posso te tocar

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

despertar

acordo e já não estou aqui
o lençol em meus pés são pedais
meu corpo, já se vê sentado
minhas mãos
aconchegadas, puxando o lençol contra meu rosto
estão segurando firme o volante
o som constante do ventilador
dá lugar às buzinas
acordo e já estou indo
mal despertei e já sou rotina