terça-feira, 28 de agosto de 2018

poças d'água e botas azuis

o tempo escurece
deixando no ar
uma tonalidade agradável
um vento gelado entra pela janela
e o barulho das árvores, juntamente
com o som dos primeiros pingos,
me transportam para décadas atrás


caminho por um corredor escuro
coberto de tijolos
que guardam, à frente
um parque de areia
com poças d’água espalhadas


estou com minhas botas azuis
sinto a liberdade
de poder caminhar
por onde quiser


o prazer de andar pela água
e meus pés continuarem secos
pequenas ondas se formando
pular e ver
por um segundo
aquele buraco formado
pelo impacto
e depois a bota sendo
novamente
submersa


sinto gostas em meus pés
me levanto
rápido
fecho a janela
a lembrança se esvai
a liberdade infantil
me escapa

Nenhum comentário:

Postar um comentário